Como uma nação virou fã da irrelevância.
Antes que venham os especialistas, sim, eu sei que existem outras formas de medir inteligência. Sei também que há várias críticas sobre a forma como o teste de QI é aplicado e sua real utilidade.
O título foi apenas uma provocação.
Particularmente, eu acho interessante avaliar o “grau de inteligência” de uma pessoa levando em consideração – além da capacidade lógica – o que ou quem esse indivíduo considera relevante, consome e valoriza.
O Culto à irrelevância
O brasileiro é um povo carente de ídolos. Isso é um fato. Não à toa, o Brasil é um enorme celeiro de subcelebridades que são endeusadas por oferecerem absolutamente NADA de valor para a sociedade.
Não importa se você ganhou o BBB a Fazenda, se você engravidou de algum famoso ou se você faz idiotices na frente de um celular, se viralizou, você será abraçado pelo povo como um herói e vai ganhar MUITA relevância por isso, mesmo não tendo nada à oferecer.
Agora, um exercício rápido: abra a lista de perfis que você segue no Instagram.
Você se reconhece ali? Você vê um reflexo da sua personalidade? Já se perguntou por que escolheu dar sua atenção a essas pessoas?
E antes que você venha choramingar, não tô dizendo pra você SÓ seguir filósofos e cientistas da NASA.
Não tem nada de errado em acompanhar perfis de famosos que você admira, perfis de piadas, perfis que postam coisas que te motivam.
O problema é quando você dá relevância à quem não te acrescenta nada e ignora quem te tira da zona de conforto.
Influenciadores da moda, coaches que te fazem tomar banho gelado no inverno, traders que ficaram ricos vendendo curso de como ficar rico, Mcs que incentivam o crime, perfis de fofocas, páginas sensacionalistas e uma infinidade de outros perfis inúteis que são criados unicamente para te fazer ENGAJAR e não necessariamente para te dar algo de valor em troca da sua atenção.
Damos relevância pra quem ensina como empreender sem nunca ter empreendido, pra quem canta músicas sem conteúdo, seguimos pessoas que nos influenciam a jogar jogos que são programados para fazer a gente perder, somos atraídos pelo fácil e aceitamos tudo isso sem questionar, sem duvidar, sem pensar.
O problema do brasileiro é se contentar com o raso, o fácil, o imediato. Trazer tudo para a dicotomia e ao menor resquício de complexidade, abandonar o discurso e preferir o caminho mais fácil.
Pensar exige confronto. Refletir exige incômodo.
O QI 83 é só um número.
Mas o sintoma está em todo lugar: no story, no YouTube, no podcast, no trabalho, nas amizades, no almoço de domingo.
E se você leu esse texto até o fim, parabéns — talvez você esteja 2 pontos acima da média.
Mas cuidado: pensar demais pode te deixar sozinho.
Aqui no Brasil, a burrice é coletiva.
E você sabe… quem quer conteúdo, vira inimigo.
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Se fizer sentido, entra pro ar. Se não, entra pro esquecimento. Justo?